Resistência, fé e identidade amazônica se entrelaçam no ritmo vibrante dos tambores que ecoam a história de um povo e a conexão profunda com o rio.
O terceiro episódio do podcast "Afluentes da Música na Amazônia" nos convida a uma imersão sonora e cultural no universo do Marabaixo, a partir de uma perspectiva bastante intimista. A jornada de Zek Picoteiro de volta ao Amapá, 30 anos após sua mudança de Macapá para Belém, é o fio condutor para desvendar as raízes desse gênero musical e sua própria ancestralidade.
Essa viagem de barco, que durou dias na memória afetiva de Zek, reacende lembranças da infância e a curiosidade sobre as festas que aconteciam no convés dos navios, um prelúdio para a profunda conexão com a cultura preta do Amapá. A narrativa é um convite para entender que o Marabaixo é muito mais do que música; é um movimento organizado de resistência e identidade.
A confecção das caixas de Marabaixo, instrumento central dessa manifestação, é um processo artesanal que reflete a sabedoria popular e a adaptação aos tempos, como demonstram os mestres do Quilombo do Curiaú. Pedro Bolão, guardião dessa arte, utiliza materiais reciclados e técnicas passadas de geração em geração, evidenciando a resiliência e a inventividade do povo amapaense. O Marabaixo se desdobra em diferentes toques – Curiaú, Mazagão e urbano – cada um com sua peculiaridade rítmica e expressiva.
Além disso, a cultura do Marabaixo se manifesta em um ciclo de festividades anuais, entre a Semana Santa e Corpus Christi, que vai além da música e da dança, incorporando rituais, como o corte do mastro e o replantio de mudas, e banquetes que reforçam a comunhão e a consciência ambiental. A fé no Divino Espírito Santo e na Santíssima Trindade se entrelaça com as raízes africanas, evidenciando o sincretismo religioso que permeia as culturas populares brasileiras.
O Amapá, com 74% de sua população autodeclarada preta ou parda, destaca-se no cenário nacional como um estado com forte representatividade negra e um movimento cultural vigoroso, impulsionado por organizações como o Centro de Cultura Negra e a União dos Negros do Amapá (UNA). Nesse contexto, o Marabaixo emerge como a crônica viva da história afro-amapaense.
O termo "ladrão de Marabaixo" encapsula a essência desse gênero: é a captura poética de fatos cotidianos, transformados em versos que eternizam a realidade do povo. É através dos tambores e da dança que o Marabaixo expressa tanto o lamento da escravidão quanto a celebração da resistência e da fé, carregando uma profunda relação com as águas, que alguns atribuem ao próprio nome "mar abaixo". A emoção do Mestre Pedro Bolão ao cantar um ladrão sobre a dor da perda cultural ressalta a importância vital dessa manifestação para as gerações futuras.
O Marabaixo é uma cultura viva que se renova através das novas gerações de artistas, que o estilizam e o misturam com sonoridades contemporâneas, como o tecnobrega e o hip hop, sem perder sua essência tradicional. Artistas como Jhimmy Feiches e Patrícia Bastos demonstram como o Marabaixo é uma fonte inesgotável para a Música Popular Amapaense, que se reinventa descrevendo a riqueza do lugar e a identidade do seu povo. As mudanças climáticas, com seus impactos nos rios e na natureza, representam um desafio, mas a comunidade do Marabaixo responde com ações de reflorestamento e a persistência em manter viva sua tradição. A luta por direitos e democracia no Brasil está intrinsecamente ligada ao fortalecimento da identidade cultural na base da sociedade. O reconhecimento do Marabaixo como patrimônio cultural pelo IPHAN em 2018 é um passo importante, mas a verdadeira resistência acontece diariamente nos barracões e nas casas de Marabaixo, onde mestres e mestras lutam para que as próximas gerações se mantenham conectadas à sua ancestralidade. Viva o Marabaixo, viva a cultura preta do Amapá e viva a Amazônia!
Ouça o episódio completo do podcast "Afluentes" para mergulhar ainda mais fundo no universo do Marabaixo. Compartilhe com seus amigos e ajude a divulgar a riqueza da música amazônica!
ENTREVISTADOS NESSE EPISÓDIO:
DANIELA RAMOS (AP)
MÔNICA PAVÃO (AP)
MESTRE PEDRO BOLÃO (AP)
ELÍSIA CONGÓ (AP)
JHIMMY FEICHES (AP)
EP 1 - BEIRADÃO
Um gênero musical nascido nas beiras do Rio do Amazonas.
EP 02 - TECNOBREGA
Música eletrônica que emerge nas periferias da Amazônia
EP 03 - CARIMBÓ
O o encontro do batuque negro com tambor indígena
EP 04 - BOI BUMBÁ
De Parintins, o som que embala o maior espetáculo da Amazônia
DISPONÍVEL
EP 05 - LAMBADA
Quando o caribe encontra a Amazônia, tudo vira Lambada
EP 06 - MARABAIXO
O som do quilombo que virou patrimônio do Amapá
EM BREVE
DISPONÍVEL
EM BREVE
EM BREVE
EM BREVE
Um apaixonado pela cultura ribeirinha. Há mais de 10 anos atua na cena paraense para fortalecer a música produzida localmente, com uma pesquisa aprofundada em gêneros musicais amazônicos.
É também diretor do Instituto Regatão Amazônia.
Localização: Alter do Chão, Santarém, PA
Contato: zek@regatao.org
Os rios são a principal forma de circulação e integração cultural, é através deles que a identidade amazônica é formada na sua mais profunda essência. É por meio deles que os povos navegam, escoam sua produção, pescam seu principal alimento, banham, constituem seus saberes, tradições e culturas.
Essa pesquisa vai se aprofundar na investigação a respeito das condições climáticas e socioambientais únicas que fazem da Região Amazônica um celeiro musical, possuindo uma diversa gama de gêneros e subgêneros, baseado no percurso dos seus rios.
Desde que eu comecei a catalogar esses arquivos eu fui percebendo a variedade de gêneros musicais originais região amazônica. A indústria fonográfica brasileira nunca conseguiu absorver a nossa diversidade, quase sempre o que é produzido na Amazônia entra na prateleira do "regional".
Foi pra dar conta desse desafio que eu criei essa minha pesquisa: Afluentes da música na Amazônia e agora virou podcast. Apesar das especificidades, cada movimento musical aqui na Amazônia tem uma relação profunda com o próprio movimento das águas. A música é criada, inspirada, ouvida e difundida pelo rio.
Agora eu reuni tudo o que eu ouvi, li e vivenciei ao longo dessa jornada pra compartilhar com vocês. Abram seus ouvidos, escolham um lugar bem confortável e sejam muito bem vindos a esse podcast.
Tem alguma sugestão de pauta, entrevistado ou alguma história sobre música amazônica, fique a vontade pra mandar pra mim.
Lá sempre tem conteúdos extras sobre os bastidores que você vai curtir.
No canal também tem conteúdos extras prontos pra você curtir e comentar.
Esse podcast foi apresentado por:
FUNDAÇÃO NACIONAL DAS ARTES - FUNARTE
Produção: INSTITUTO REGATÃO AMAZÔNIA
ROTEIRO: SONIA FERRO
CONSULTORIA DE ROTEIRO: NALU BÉCO
EDIÇÃO: JEFFERSON MONTEIRO
FOTOGRAFIA CAPTAÇÃO DE VÍDEO: BARBARA VALE
LOCAÇÃO: PUPUÑA ESTÚDIO
ASSESSORIA DE ACESSIBILIDADE E INTÉRPRETE DE LIBRAS: KELLEN GARCIA
LOGÍSTICA DE VIAGEM: DIEGO NOGUEIRA
IDENTIDADE VISUAL: BRENDA LEMOS / TIPITI LAB
REDES SOCIAIS: KAILON PEDROSO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: GIL SÓTER
PRODUÇÃO EXECUTIVA: RODRIGO VIELLAS
PESQUISA, CAPTAÇÃO DE ÁUDIOS E COORDENAÇÃO GERAL: ZEK PICOTEIRO
Esse podcast foi apresentado por:
FUNDAÇÃO NACIONAL DAS ARTES - FUNARTE
Produção: INSTITUTO REGATÃO AMAZÔNIA
ROTEIRO: SONIA FERRO
CONSULTORIA DE ROTEIRO: NALU BÉCO
EDIÇÃO: JEFFERSON MONTEIRO
FOTOGRAFIA CAPTAÇÃO DE VÍDEO: BARBARA VALE
LOCAÇÃO: PUPUÑA ESTÚDIO
ASSESSORIA DE ACESSIBILIDADE E INTÉRPRETE DE LIBRAS: KELLEN GARCIA
LOGÍSTICA DE VIAGEM: DIEGO NOGUEIRA
IDENTIDADE VISUAL: BRENDA LEMOS / TIPITI LAB
REDES SOCIAIS: KAILON PEDROSO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: GIL SÓTER
PRODUÇÃO EXECUTIVA: RODRIGO VIELLAS
PESQUISA, CAPTAÇÃO DE ÁUDIOS E COORDENAÇÃO GERAL: ZEK PICOTEIRO
Instituto Regatão da Amazônia
CNPJ: 51.546.464/0001-39
Rua Machado de Assis, 91 - Jancundá II
Alter do chão - Santarém - PA, 68.109-000
Email: contato@regatao.org
© 2025 Instituto Regatão Amazônia | Todos os direitos reservados.
Política de Privacidade | Termos de uso