No segundo episódio do podcast "Afluentes", mergulhamos na pororoca sonora do Tecnobrega, um ritmo que nasceu nas aparelhagens e conquistou os rios da Amazônia.
Em meio ao burburinho do Mercado Ver-o-Peso, coração de Belém, ecoa uma batida que transcende fronteiras: o Tecnobrega. Zek Picoteiro, DJ, curador e apaixonado pela música amazônica, nos guia através dos afluentes sonoros da região, desvendando a história e o impacto desse gênero musical único.
A jornada começa no Mercado Ver-o-Peso, um caldeirão cultural onde a música se mistura aos aromas e sabores da Amazônia. É ali, entre os vendedores ambulantes de "bike som", que Zek encontra sua principal fonte de pesquisa: os pendrives lotados de música. A prática de comprar e trocar mídias piratas é comum na cultura das aparelhagens, o verdadeiro berço do Tecnobrega.
DJ Dinho, lenda das aparelhagens do Pará, nos leva de volta aos anos 90, quando o Tecnobrega começou a tomar forma. "É um Brega com a chegada do computador, tirando a bateria e jogando a batida eletrônica", explica Dinho. Essa fusão de ritmos marcou o nascimento de um novo movimento musical.
A vastidão da Amazônia, com seus rios e comunidades ribeirinhas, é o palco perfeito para o Tecnobrega. A maior parte do deslocamento na região se dá pela malha fluvial, criando rotas para shows e festas que se espalham pelos afluentes.
Valéria Paiva conta sobre as viagens de barco, as festas nas comunidades e a paixão do público pelo Tecnobrega. DJ Dinho reforça que as festas no interior são diferentes, com uma expectativa e animação únicas. "As festas no interior tem um outro frisson... da novidade de que vai acontecer a festa", explica Dinho.
A relação com a água é uma constante na vida dos artistas e do público do Tecnobrega. Valéria Paiva sonha com água todos os dias e sente a força da natureza em cada apresentação. DJ Dinho tem memórias marcantes das travessias pelos rios, desde a infância até os shows com a aparelhagem Tupinambá.
O termo "Brega" carrega um peso de preconceito, mas na Amazônia, ele se transforma em um substantivo que representa a música verdadeiramente popular. O Brega chegou à região pelas estradas abertas durante a ditadura, mas foi nos rios que encontrou seu caminho. O historiador Maurício Costa explica como o Brega se espalhou pelas comunidades ribeirinhas, criando uma forte ligação entre a periferia e o interior.
Nos anos 90, o Brega Paraense ganhou uma nova roupagem, com artistas como Roberto Vilar e Banda Calypso. No final da década, Tonny Brasil e Luis Nascimento deram um passo adiante, adicionando elementos eletrônicos e criando o que conhecemos hoje como Tecnobrega.
O Tecnobrega ultrapassou as fronteiras do Pará e conquistou outros estados, como o Amapá. Lá, o Melody, uma variante do Tecnobrega, se tornou referência cultural. Reinaldo Barbosa, coordenador da Federação das Equipes e Fã-Clubes do Amapá, conta sobre o crescimento do movimento e as grandes festas que reúnem milhares de pessoas.
DJ Geléia, paraense radicado em Macapá, fala sobre sua paixão pelo tecnomelody e como ele faz parte da sua história. No Amapá, o Tecnobrega se mistura com outras influências, criando uma sonoridade única e vibrante.
O Tecnobrega é mais do que um gênero musical, é uma expressão cultural que pulsa nos rios e nas comunidades da Amazônia. Ele é a voz da periferia, da juventude e das tradições ribeirinhas. Uma música que se reinventa a cada batida, que se mistura com outros ritmos e que se espalha pelos afluentes sonoros da região.
Zek Picoteiro nos convida a acompanhar essa travessia, a conhecer a história e os artistas que fazem do Tecnobrega um fenômeno único. Uma pororoca sonora que continua a ecoar pelos rios da Amazônia, levando alegria, resistência e identidade para todos os cantos.
Ouça o episódio completo do podcast "Afluentes" para mergulhar ainda mais fundo no universo do Tecnobrega. Compartilhe com seus amigos e ajude a divulgar a riqueza da música amazônica!
ENTREVISTADOS NESSE EPISÓDIO:
DJ GELEIA (AP)
JANETE SILVA (AP)
DJ DINHO (PA)
VALÉRIA PAIVA (PA)
REINALDO BARBOSA (AP)
MAURÍCIO COSTA (PA)
EP 1 - BEIRADÃO
Um gênero musical nascido nas beiras do Rio do Amazonas.
EP 02 - TECNOBREGA
Música eletrônica que emerge nas periferias da Amazônia
EP 03 - CARIMBÓ
O o encontro do batuque negro com tambor indígena
EP 04 - BOI BUMBÁ
De Parintins, o som que embala o maior espetáculo da Amazônia
DISPONÍVEL
EP 05 - LAMBADA
Quando o caribe encontra a Amazônia, tudo vira Lambada
EP 06 - MARABAIXO
O som do quilombo que virou patrimônio do Amapá
EM BREVE
DISPONÍVEL
EM BREVE
EM BREVE
EM BREVE
Um apaixonado pela cultura ribeirinha. Há mais de 10 anos atua na cena paraense para fortalecer a música produzida localmente, com uma pesquisa aprofundada em gêneros musicais amazônicos.
É também diretor do Instituto Regatão Amazônia.
Localização: Alter do Chão, Santarém, PA
Contato: zek@regatao.org
Os rios são a principal forma de circulação e integração cultural, é através deles que a identidade amazônica é formada na sua mais profunda essência. É por meio deles que os povos navegam, escoam sua produção, pescam seu principal alimento, banham, constituem seus saberes, tradições e culturas.
Essa pesquisa vai se aprofundar na investigação a respeito das condições climáticas e socioambientais únicas que fazem da Região Amazônica um celeiro musical, possuindo uma diversa gama de gêneros e subgêneros, baseado no percurso dos seus rios.
Desde que eu comecei a catalogar esses arquivos eu fui percebendo a variedade de gêneros musicais originais região amazônica. A indústria fonográfica brasileira nunca conseguiu absorver a nossa diversidade, quase sempre o que é produzido na Amazônia entra na prateleira do "regional".
Foi pra dar conta desse desafio que eu criei essa minha pesquisa: Afluentes da música na Amazônia e agora virou podcast. Apesar das especificidades, cada movimento musical aqui na Amazônia tem uma relação profunda com o próprio movimento das águas. A música é criada, inspirada, ouvida e difundida pelo rio.
Agora eu reuni tudo o que eu ouvi, li e vivenciei ao longo dessa jornada pra compartilhar com vocês. Abram seus ouvidos, escolham um lugar bem confortável e sejam muito bem vindos a esse podcast.
Tem alguma sugestão de pauta, entrevistado ou alguma história sobre música amazônica, fique a vontade pra mandar pra mim.
Lá sempre tem conteúdos extras sobre os bastidores que você vai curtir.
No canal também tem conteúdos extras prontos pra você curtir e comentar.
Esse podcast foi apresentado por:
FUNDAÇÃO NACIONAL DAS ARTES - FUNARTE
Produção: INSTITUTO REGATÃO AMAZÔNIA
ROTEIRO: SONIA FERRO
CONSULTORIA DE ROTEIRO: NALU BÉCO
EDIÇÃO: JEFFERSON MONTEIRO
FOTOGRAFIA CAPTAÇÃO DE VÍDEO: BARBARA VALE
LOCAÇÃO: PUPUÑA ESTÚDIO
ASSESSORIA DE ACESSIBILIDADE E INTÉRPRETE DE LIBRAS: KELLEN GARCIA
LOGÍSTICA DE VIAGEM: DIEGO NOGUEIRA
IDENTIDADE VISUAL: BRENDA LEMOS / TIPITI LAB
REDES SOCIAIS: KAILON PEDROSO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: GIL SÓTER
PRODUÇÃO EXECUTIVA: RODRIGO VIELLAS
PESQUISA, CAPTAÇÃO DE ÁUDIOS E COORDENAÇÃO GERAL: ZEK PICOTEIRO
Esse podcast foi apresentado por:
FUNDAÇÃO NACIONAL DAS ARTES - FUNARTE
Produção: INSTITUTO REGATÃO AMAZÔNIA
ROTEIRO: SONIA FERRO
CONSULTORIA DE ROTEIRO: NALU BÉCO
EDIÇÃO: JEFFERSON MONTEIRO
FOTOGRAFIA CAPTAÇÃO DE VÍDEO: BARBARA VALE
LOCAÇÃO: PUPUÑA ESTÚDIO
ASSESSORIA DE ACESSIBILIDADE E INTÉRPRETE DE LIBRAS: KELLEN GARCIA
LOGÍSTICA DE VIAGEM: DIEGO NOGUEIRA
IDENTIDADE VISUAL: BRENDA LEMOS / TIPITI LAB
REDES SOCIAIS: KAILON PEDROSO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: GIL SÓTER
PRODUÇÃO EXECUTIVA: RODRIGO VIELLAS
PESQUISA, CAPTAÇÃO DE ÁUDIOS E COORDENAÇÃO GERAL: ZEK PICOTEIRO
Instituto Regatão da Amazônia
CNPJ: 51.546.464/0001-39
Rua Machado de Assis, 91 - Jancundá II
Alter do chão - Santarém - PA, 68.109-000
Email: contato@regatao.org
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